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O TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento que altera como as pessoas percebem e interagem com o mundo. É muito comum que os primeiros sinais de autismo sejam percebidos logo na infância, por pais ou pessoas cuidadoras.
Dessa forma, estar atento aos sinais e sintomas de autismo é fundamental para identificar o transtorno precocemente e iniciar as terapias e intervenções que auxiliam no desenvolvimento de cada criança.
Esses sinais de autismo estão principalmente relacionados às dificuldades de socialização e comunicação, além de interesses restritos e repetitivos e dificuldade de adaptação a mudanças de rotinas e falta de previsibilidade.
Neste texto, abordaremos os 7 principais sinais de autismo em diferentes faixas etárias e as intervenções essenciais para promover o desenvolvimento e o bem-estar das pessoas com TEA. Confira!
O que é autismo?
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na comunicação e interação social, além da presença de padrões de comportamentos restritos e repetitivos.
Por ser considerado um espectro, devido à sua manifestação única e singular em cada pessoa, é muito importante lembrar que cada indivíduo com autismo tem suas próprias necessidades e habilidades, o que torna o transtorno extremamente diverso.
Algumas pessoas no espectro podem necessitar de apoio extra em suas atividades diárias, enquanto outras são mais independentes. Por isso, os sinais e sintomas de autismo podem variar de pessoa para pessoa, mas sempre com base nos critérios diagnósticos do DSM-5.
Nota importante: apesar de o termo “sintomas de autismo” ser bastante comum, o TEA não é uma doença, mas sim um transtorno, como discutido. Portanto, não existe uma cura, mas sim intervenções que podem melhorar a qualidade de vida.
Por esse motivo, o termo mais correto é “sinais de autismo”. Neste conteúdo, utilizamos ambos os termos, de modo que as pessoas que buscam por “sintomas de autismo” também possam encontrar as informações acessíveis e esclarecer suas dúvidas.
Qual a diferença entre sinais e sintomas?
Embora frequentemente usados como sinônimos, há uma diferença entre “sinais” e “sintomas”.
Sinais são comportamentos ou manifestações que outra pessoa nota em alguém. Já sintomas são as queixas de um indivíduo sobre algo que ele está sentindo, seja de forma momentânea ou regular.
Quando pensamos no TEA, os sinais de autismo seriam os comportamentos observados por familiares, amigos, pessoas cuidadoras e profissionais em uma criança, como falta de contato visual, dificuldade na interação social, entre outros.
Por outro lado, sintomas seriam o que a própria pessoa percebe a partir de suas experiências e percepções. Assim, é mais comum que adolescentes ou adultos percebam sintomas de autismo em sua rotina e busquem um diagnóstico tardio, por exemplo.
Por isso, é essencial termos mais espaços de inclusão e representatividade para pessoas autistas. Isso ajuda cada vez mais indivíduos a se identificarem e buscarem o diagnóstico.
Quais são os sinais de autismo?
Os dois sinais mais comuns de autismo para pessoas diagnosticadas com TEA são:
- Prejuízos persistentes na comunicação e interação social;
- Padrões restritos ou repetitivos de movimentos, interesses ou atividades.
Os primeiros sinais de autismo podem surgir por volta dos 18 meses de idade, e o diagnóstico pode ser fechado antes de a criança completar dois anos.
Mesmo quando bebês, crianças no espectro apresentam características como foco excessivo em determinados objetos e contato visual raro.
Em alguns casos, a criança parece se desenvolver tipicamente até o segundo ano de vida e começa a apresentar os sintomas de autismo após esse período. Isso é o que especialistas chamam de autismo regressivo.
Conheça 7 principais sinais de autismo
Além disso, os sinais mais comuns do espectro são aqueles conhecidos como a “díade do autismo”, que fazem parte dessas duas divisões comportamentais. Vamos entender cada um deles separadamente:
Dificuldades na comunicação social e interação social
- Ausência ou Dificuldade de comunicação: Muitas vezes, pessoas autistas apresentam compreensão reduzida da fala, falam de forma repetitiva (eco) ou apresentam dificuldades de entonação, utilizando a linguagem de forma exclusivamente literal.
- Falta ou Ausência de Contato Visual: Muitas crianças autistas, desde muito pequenas, não fixam o olhar nos olhos do outro durante uma interação ou conversa. Elas também têm dificuldades com gestos, expressões faciais e corporais.
- Imagem Corporal Rígida ou Exagerada: Relacionada à dificuldade de coordenar a comunicação não verbal com a fala, isso pode ser visto como uma imagem corporal exagerada ou diferente do esperado pelos padrões sociais.
- Dificuldade de Interação: A dificuldade de interação implica em desafios para brincar com outras crianças, fazer amizades, iniciar interações e se relacionar com os outros.
- Prejuízos na Interação Social: Muitos autistas, até na vida adulta, têm dificuldades no processamento de respostas a situações sociais mais complexas, como saber quando entrar em uma conversa ou o que dizer. Pessoas diagnosticadas com autismo raramente dominam essas habilidades sociais e não entendem ironias, mentirinhas ou brincadeiras.
Padrões restritivos e repetitivos
- Fixação ou Fascínio por determinados Objetos e temas: normalmente se manifesta pela criação de rituais e fixações em temas, brinquedos, objetos, personagens, etc. É comum utilizarem brinquedos de maneira peculiar ou que tenham fascínio por luzes e objetos que piscam e giram.
- Movimentos Repetitivos com o Corpo ou Fala (Estereotipias e Ecolalia): algumas pessoas autistas podem abanar as mãos, balançar o corpo ou repetir palavras e frases, mesmo fora de contexto, como forma de se autorregular ou se expressar.
Vale lembrar que nem todas as pessoas com autismo apresentam todos esses sinais, assim como muitas pessoas fora do espectro podem apresentá-los. Por isso, caso haja suspeitas, é importante buscar ajuda profissional para o diagnóstico de autismo.
IMPORTANTE: caso você identifique qualquer uma das características mencionadas em uma criança, é fundamental buscar o mais rápido possível um profissional nas áreas de neurologia ou psiquiatria, como um neuropediatra ou psiquiatra infantil.
Quanto mais cedo a criança for diagnosticada corretamente e iniciar acompanhamento, maiores as chances de desenvolver seu potencial e se integrar à sociedade.
Quais são os sinais de autismo em bebês?
Alguns sinais e sintomas de autismo comuns em bebês com menos de um ano são frequentemente notados por pais e cuidadores. Esses sinais incluem:
- Ausência de Sorriso Social: o bebê não sorri ou não responde ao sorriso de outra pessoa, mesmo em situações de brincadeira ou interação afetiva.
- Falta de Contato Visual: frequentemente percebido durante momentos como a amamentação, quando o bebê não mantém contato visual com a pessoa cuidadora, algo geralmente esperado em bebês neurotípicos.
- Ausência de Choro ou Choro Excessivo: Alguns bebês com autismo podem não chorar quando estão com fome, desconfortáveis ou precisam de atenção, enquanto outros podem chorar excessivamente sem motivo aparente.
Além desses sinais, também pode ser observado: pouco interesse em seguir objetos com o olhar ou dificuldade para imitar gestos simples, como bater palmas ou acenar, à medida que o bebê cresce.
É importante lembrar que esses sinais podem variar de um bebê para outro, e a presença de um ou mais deles não significa automaticamente que a criança tenha autismo. No entanto, se os pais ou cuidadores notarem esses sinais persistentes, é aconselhável procurar orientação médica para uma avaliação mais aprofundada.
Quanto mais cedo o autismo for identificado, mais cedo podem ser implementadas intervenções e apoio adequados.
Quais são os sinais de autismo em crianças?
Outros sintomas de autismo que podem surgir à medida que a criança cresce incluem:
- Atraso ou dificuldade no desenvolvimento da fala: a criança pode demorar mais para falar suas primeiras palavras ou pode ter dificuldade em se comunicar verbalmente.
- Atraso ou dificuldade na coordenação motora fina e grossa: isso pode se manifestar como desafios na escrita, no uso de talheres, na prática de esportes ou em atividades que envolvem coordenação física.
- Ecolalia: algumas crianças autistas repetem frases ou palavras que ouvem em desenhos, músicas ou no cotidiano, mesmo descontextualizada ou sem uma intenção comunicativa clara. Esse comportamento é chamado de ecolalia e pode ter diferentes funções, como processamento de linguagem ou autorregulação.
É importante ressaltar que a presença de um ou mais desses sinais não é necessariamente indicativa de autismo por si só, mas pode ser um indicativo de que uma avaliação mais aprofundada por um profissional de saúde é necessária, especialmente se esses sinais persistirem ao longo do desenvolvimento da criança.
Quanto mais cedo o autismo for identificado, mais cedo intervenções apropriadas podem ser implementadas para auxiliar a criança a desenvolver suas habilidades.
Como saber se um adolescente ou adulto é autista?
Hoje em dia, não é incomum que adolescentes e até mesmo pessoas adultas recebam o diagnóstico tardio de autismo.
Isso ocorre, principalmente, porque muitas dessas pessoas estão dentro do que se classifica como Transtorno do Espectro Autista nível 1 de suporte, anteriormente chamado de “autismo leve”, em que há menor necessidade de apoio na rotina, embora ainda existam desafios significativos. Nesses casos, são comuns relatos de uma infância marcada por sentimentos de inadequação, episódios de bullying e dificuldades de interação social, sem que esses sinais tenham sido reconhecidos na época.
Outros sinais de autismo em adolescentes e adultos incluem:
- Ter dificuldade em entender e lidar com as chamadas “regras sociais”;
- Dificuldade em perceber e entender expressões faciais e sinais não verbais (como entrelinhas ou tons de voz);
- Apego a rotina e dificuldade em lidar com mudanças;
- Se isolar com frequência e evitar situações onde será exposto a muitas pessoas, como festas e passeios em locais lotados.
Embora a depressão e a ansiedade não sejam sinais diretos de autismo em adolescentes e adultos, esses transtornos podem se desenvolver, principalmente devido ao fato de a pessoa sentir-se incompreendida e julgada por suas dificuldades sociais, especialmente quando o diagnóstico é feito tardiamente.
Quais são os manuais de diagnóstico do autismo?
Para diagnosticar o autismo, os profissionais utilizam manuais que detalham as principais características e sintomas do transtorno, como o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e a CID-11 (Classificação Internacional de Doenças e Transtornos Mentais).
Esses documentos fornecem regras e critérios para os diagnósticos, atualizados regularmente para garantir que os profissionais tenham acesso às informações mais recentes.
Atualmente, estamos na 5ª edição do DSM, chamada DSM-5, e na 11ª edição da CID, a CID-11. Esses manuais ajudam os profissionais a diagnosticar os sintomas de autismo de forma precisa e atualizada.
Portanto, quando alguém recebe um diagnóstico de autismo, significa que a pessoa passou por avaliações neuropsicológicas que mostraram que ela atendia aos critérios diagnósticos presentes nesses documentos.
Como é feito o tratamento de autismo?
Como mencionado anteriormente, o autismo não é uma doença, portanto o uso do termo “tratamento” aqui tem fins didáticos. O mais apropriado é falar em intervenções e estratégias de suporte voltadas ao desenvolvimento e à qualidade de vida da pessoa autista.
Como o diagnóstico de autismo não é feito por meio de exames médicos, o processo pode levar um tempo até ser confirmado. Portanto, os profissionais de saúde enfatizam a importância de iniciar a intervenção precoce quanto antes.
Essas intervenções geralmente envolvem uma equipe de profissionais de diversas especialidades, que trabalham juntos em terapias para auxiliar a criança a desenvolver suas habilidades. A equipe pode incluir:
- Psicologia: ajuda a entender e abordar questões emocionais e comportamentais.
- Terapia Ocupacional: trabalha na melhoria das habilidades motoras e no desenvolvimento das habilidades práticas do dia a dia.
- Fonoaudiologia: auxilia na melhoria da comunicação, incluindo fala, linguagem e formas alternativas de comunicação;
- Neuropediatria: com especialização no diagnóstico e tratamento de distúrbios neurológicos em crianças.
- Neuropsicologia: para avaliar e trabalhar as funções cognitivas e o desenvolvimento intelectual.
Entre as abordagens mais comuns para o autismo, destaca-se a ABA (Análise do Comportamento Aplicada), que utiliza estratégias baseadas em evidências científicas para promover o desenvolvimento de pessoas com TEA.
Iniciar a intervenção precocemente e contar com uma equipe multidisciplinar pode fazer uma grande diferença no progresso e no desenvolvimento da criança com autismo.
Conclusão
O autismo é uma condição única para cada pessoa, com necessidades e capacidades próprias. Os sinais, como dificuldades na comunicação social e padrões de comportamento repetitivos, podem surgir desde a infância.
Iniciar as intervenções precocemente com uma equipe de profissionais especializados ajuda as crianças a desenvolverem suas habilidades e atingirem seu potencial. Com o apoio adequado, as pessoas com autismo podem enfrentar os desafios do mundo de forma mais eficaz.
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2 respostas para “7 sinais de autismo: Saiba os principais e como identificar autismo em crianças e adultos”
Não tenho dinheiro para ter o diagnóstico certo meu e de minha filha; embora as pessoas dizem que sou negativa , acho que elas nunca me entenderam de verdade. Mas tenho a mente voltada pra morte e minha filha também, pois já enfrentamos diversos desafios devido a ter uma mente tão dominadora e não ter certeza do que fazer para melhorar ou aliviar nosso sofrimento.
Gostaria de ter o diagnóstico certo para quem sabe, ir atrás do médico ou terapeuta certo, nem que seja pra ela que só tem 28 anos.
Olá, Rosimeire. Esperamos que está tudo bem contigo.
Rosimeire, gostaríamos que contasse conosco para entender melhor o espectro autista.
Recomendamos buscar uma APAE próxima a vocês. Lá vocês conseguiram atendimento e apoio. Isso é muito importante para todas as pessoas.
Abraços.