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Saúde mental no autismo. Menina sentada em uma cadeira com as pernas encolhidas.

Saúde mental e autismo: o que estamos deixando de lado?

Pouco se fala a respeito da saúde mental de pessoas autistas, muito menos sobre as altas taxas de suicídio associadas. Apesar dos tratamentos baseados em evidências científicas para indivíduos no espectro terem sucesso na melhora do repertório de habilidades sociais e na comunicação, pouco tem se trabalhado para tratar e prevenir que pessoas autistas estejam vulneráveis psicologicamente ou desenvolvam algum transtorno psiquiátrico.

O conteúdo a seguir pretende iniciar o diálogo com pessoas no espectro, profissionais e familiares a respeito da saúde mental no TEA.

Saúde mental e autismo

O risco de suicídio é maior na população autista se compararmos às taxas da população sem esse diagnóstico. De acordo com alguns estudos, as taxas são ainda mais expressivas para as mulheres no espectro.

Um dos fatores que mais influencia esse cenário é a dificuldade dos profissionais de diagnosticar corretamente, já que há confusão entre os sintomas característicos de alguns transtornos psiquiátricos, como depressão, e traços característico do próprio espectro autista. Existem alguns fatores já levantados pela ciência como indicadores de maior risco. Iremos falar a respeito deles a seguir.

Fator de risco

O maior fator de risco associado à saúde mental de indivíduos no espectro é a pressão e expectativa social de que escondam seus traços autistas, como estereotipias (ou stims). Alguns estudos apontam que isso pode aumentar os níveis de ansiedade e diminuir a autoestima, além de estar correlacionado com o surgimento de pensamentos suicidas.

Por que as mulheres autistas estão mais vulneráveis?

Mulheres em geral são as mais afetadas pelos diagnósticos de depressão, ansiedade e transtornos alimentares (comorbidades comuns ao TEA). Aquelas que estão no espectro estão ainda mais  propensas a apresentarem sofrimento psicológico.  Isso porque, o diagnóstico de TEA em meninas e mulheres costuma ser tardio, devido aos critérios diagnósticos serem baseados nas descrições dos sintomas apresentados por meninos.

Além disso, socialmente há uma maior pressão em mulheres para que sejam habilidosas em interações sociais, sendo forçadas desde cedo a se comunicarem e socializarem mais. De fato, as taxas de “camuflagem” de traços autistas aparentam ser maiores em meninas e mulheres do que em meninos e homens, o que faz com que os sinais muitas vezes sejam mais sutis.

Suicídio em pessoas autistas

Alguns pesquisadores têm estudado a saúde mental em pessoas autistas. Um desses estudos é o “Avaliação de comportamentos suicidas entre indivíduos com transtorno do espectro do autismo na Dinamarca”, realizado por Kõlves e colaboradores, em 2021. Em uma amostra significativa da população dinamarquesa, ao longo de dez anos de observação, esses estudiosos perceberam que as taxas de suicídio foram três vezes maiores para indivíduos no espectro autista, em comparação com a população em geral.

Além disso, observou-se que essas taxas eram maiores nas mulheres que estavam no espectro e em pessoas que apresentavam outros diagnósticos psiquiátricos, especialmente ansiedade e transtornos de humor.

Outro dado interessante que o estudo apresenta é o de que as taxas de suicídio aumentam proporcionalmente à idade do diagnóstico. Ou seja, quanto mais tardio o diagnóstico, maior risco de suicídio associado.  Este pode ser o motivo  das mulheres estarem mais vulneráveis e mais um motivo para reforçarmos a importância do diagnóstico ocorrer mais cedo.

Depressão e autismo: como buscar ajuda?

Assim como é necessário que haja uma equipe para avaliar se uma pessoa está no espectro autista, é necessário o trabalho multidisciplinar para avaliar se esse indivíduo apresenta comportamentos, emoções e pensamentos característicos de outros quadros diagnósticos.

Portanto, na dúvida procure um médico psiquiatra e um psicólogo para avaliar se, além do TEA, há algum outro quadro impactando a qualidade de vida e desenvolvimento saudável daquela pessoa. Existem casos, também, de que a pessoa foi diagnosticada com depressão ou outra condição psicológica, mas profissionais não identificaram os sinais de autismo.

Profissional de saúde: como lidar?

Se você é profissional da saúde, sobretudo da área da saúde mental, e tiver dúvidas a respeito de como proceder caso perceba que seu paciente pode estar em sofrimento psicológico, vale a pena seguir algumas das dicas a seguir:

  • Ouça sem julgamentos o relato do seu paciente.
  • Demonstre empatia.
  • Não invalide o que seu paciente diz estar sentindo.
  • Nenhum relato de pensamentos suicidas deve ser entendido como algo irrelevante, sempre deve ser considerado como alvo da intervenção.
  • Caso você não saiba como proceder quando seu paciente relata ter pensamentos suicidas, procure ajuda de um profissional especializado para te orientar ou te supervisionar.

Autismo, saúde mental e sofrimento psicológico

O termo “problema da empatia dupla” cunhado por Damian Milton descreve que as dificuldades de relacionamento entre autistas e não autistas é uma via de mão dupla. Da mesma forma que uma pessoa autista demonstra dificuldades em entender os pontos de vista de pessoas neurotípicas, indivíduos fora do espectro também apresentam essa mesma dificuldade em relação a pessoas atípicas. Apesar disso, o peso e expectativa social de adaptação recai de maneira desproporcional em indivíduos que estão no espectro.

Por isso, a aceitação de pessoas autistas em espaços de trabalho, escolas e outras instituições, não deve depender apenas da mudança daqueles que estão no espectro. A sociedade no geral também precisa oferecer maior flexibilidade e adaptação para que a inclusão seja efetiva. Só dessa forma será possível prevenir essas taxas alarmantes de tentativas e mortes por suicídio nessa população.

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